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domingo, 2 de outubro de 2011

Metadiálogo

- Não gosto dos diálogos.

- Diálogos?...

- Nos livros, romances. Quando o autor interrompe a narração da história pra colocar falas das personagens.

- ...

- Principalmente quando é diálogo assim... direto que se chama, né? Com travessão e tudo. Acho tão pouco criativo, há tantas formas de inserir na narração as conversas sem essa quebra que o diálogo direto faz. Esse autor aqui faz isso o tempo todo, dá até vontade de pular os diálogos, pois às vezes nem acrescentam nada à história.

- Já ouviu falar dos de Platão?

- De quê?

- Dos Diálogos de Platão...

- Ah, sim, claro. Mas aí é diferente, porque o livro todo é em forma de diálogo, né? O diálogo não surge como  uma quebra à voz do narrador.

- Já leu algum?

-  De Platão? Já. Trechos, na verdade. Do Fédon, da Apologia de Sócrates. Acho que inteiro só o Eutífron, na faculdade. Sócrates defende a imortalidade da alma, né? Tinha um colega espírita  que dizia que Sócrates - ou Platão - era o precursor do espiritismo. Foi ridicularizado pelo professor.

- O Banquete não? É o melhor.

- Não tenho muita paciência, não. Chega um ponto em que parece que nem eles sabem mais do que estão falando, quanto mais o leitor...

- ...

- Vou ler mais um pouco, se ficar muito chato desisto. Tô mais a fim de um fluxo de consciência.

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